

Se eu for bonzinho, vou pro Céu. Se eu for malvado, vou pro Inferno. Será?
IEm um tempo não muito distante, comecei a me questionar: sempre fomos ensinados que existe o céu e o inferno, o certo e o errado, o bom e o mal, não? Se fossemos bonzinhos, bons meninos e fizéssemos tudo certo iríamos para o Céu, correto? Se fossemos malvados, fizéssemos tudo errado e não seguíssemos o caminho correto, iríamos para o Inferno. Esse é o senso comum.Observando mais de perto o mundo comecei a me questionar: e se o Inferno for aqui? E se aqui for o lugar de sofrimento que tanto evitamos e não existir Inferno coisa nenhuma? Se essa historinha pra boi dormir for apenas algo para nos manter como bons cordeirinhos no pasto? E se aqui é que estão as pessoas malvadas que matam como se vidas humanas fossem apenas números? Se aqui estão os grandes demônios manipuladores que através de mentiras bem contadas nos mantém sob controle? E se for aqui a terra de provação?O que mudaria na sua vida agora se isso fosse verdade?Alguns podem dizer que sairiam matando, estuprando, vandalizando e destruindo tudo pela sua frente. Certo?Alguém já viu o que causa uma bomba ao explodir? Alguém já viu o que acontece quando puxamos o gatilho de uma arma? Já ouviram falar em prostitutas? Já ouviram falar em abuso infantil? Já viram como algumas mulheres são tratadas em alguns países da Africa? Já ouviram falar de escravos? Já viram o que uma simples assinatura em um papel pode causar? Já viram uma guerra? Já viram uma criança morrer de fome?Nós já fazemos isso. Como poderia piorar? Que diferença faz se estamos no Inferno mesmo?Esse discurso não funciona mais. Não nos amedronta como antigamente.De tempos em tempos pessoas incrivelmente iluminadas encarnam e tentam nos mostrar o caminho. Seus exemplos são lembrados para sempre e servem de guia para nossas ações, servem de inspiração para transformarmos tudo isso aqui em algo civilizado e pacífico. Gandhi, Martin Luther King, Madre Teresa, Einstein, Galileu, Newton, entre outros.Cabe a nós mesmos transformarmos esse nosso pequeno planeta azul no Céu prometido. Pois atualmente ele tem sido o Inferno que tanto tememos. E se não fizermos nada, continuará sendo.Questionar o senso comum, que na maioria das vezes se prova burro, já é um começo. Se nos esforçarmos de verdade, com certeza encontraremos muitas e muitas formas de transformar isso aqui em um lugar bem melhor de se viver e de se habitar. A ponto de termos orgulho de sermos humanos.
O bom senso me aconselha a ficar calado diante do que nos deparamos pelas redes sociais. No entanto, o silêncio, muitas vezes, pode significar concordância, muito mais que uma suposta neutralidade. E a neutralidade nesse caso é impossível de ser conseguida.
Em primeiro lugar, é importante que constatemos alguns aspectos sobre o cabaré PDF: a água, de FATO, não está própria para o consumo; a SECA é uma consequência natural, mas a falta de água, realmente pode ser encarada como descaso das gestões; o sol que brilha em PDF é, DE FATO, muitas vezes insuportável.
Em segundo lugar, é importante lembrar que LIBERDADE DE EXPRESSÃO não deve ser confundida com falta de respeito. Adjetivar um lugar com "caberé", classificar as pessoas dessa cidade de "nativos" revela um posicionamente PRECONCEITUOSO e absurdo (sendo que a palavra preconceito já carrega em si a ideia de ABSURDO). Não que os cabarés sejam lugares ruins e desorganizados, mas fica subentendido, inclusive pelo uso comum que se faz do termo, que cabaré "sinonimiza" um estado completa desordem social, o que não há em NOSSA cidade.
Ademais, NATIVO, usado em sinônimo a SELVAGENS é uma outra escolha bastante complidada e desrespeitosa. Mas pensemos: o que é ser selvagem? Viver em um universo sem considerar a existência de outras possibilidades de SER? É achar que o mundo se resume ao "primeiro mundo" (Suécia, Dinamarca, Finlância... imagino que o cidadão autor tenha vindo de lugares como esses) e que o olhar ETNOCÊNTRICO impede que se enxergue outras realidades? QUEM É O SALVAGEM/NATIVO?
Enfim, poderia e deveria escrever bem mais. Mas silencio, sim. Mas meu silêncio agora é investido de mais significados: revolta, sentimento de justiça e respeito aos NATIVOS do cabaré chamado Pau dos Ferros.
Aos "nativos" moradores do cabaré chamado Pau dos Ferros
Por Fred Lucas Linhares, professor de Língua Portuguesa do Campus Pau dos Ferros
Mensagem da população de Pau Dos Ferros para professor do IFRN









